Como um shutdown contribuiu para caso extraconjugal entre um presidente dos EUA e estagiária há 30 anos
Entenda como um shutdown fez florecer o romance secreto entre Clinton e Monica Lewinsky
Uma paralisação do governo dos Estados Unidos em 1995 criou as condições que permitiram o início de um romance secreto entre o então presidente Bill Clinton e a estagiária Monica Lewinsky. O episódio só veio à tona três anos depois e se tornou um dos maiores escândalos da história da Casa Branca.
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A paralisação, também conhecida como "shutdown", acontece quando Congresso não aprova o orçamento federal, o que impede o funcionamento de parte do governo. Situações desse tipo já ocorreram outras vezes, e algumas entraram para a história pelo tempo de duração —como o atual, que se tornou o mais extenso e pode ser encerrado nesta quarta (12). Mas o impasse de 1995 ficou marcado por outro motivo.
Quando Clinton assumiu a Presidência, em 1993, os democratas tinham maioria na Câmara e no Senado, o que facilitou a aprovação da agenda do governo democrata.
No ano seguinte, os republicanos retomaram o controle da Câmara pela primeira vez em 40 anos. Com poder, a oposição prometeu rever programas sociais lançados por Clinton, o que abriu uma disputa direta com a Casa Branca.
Enquanto esse embate avançava, o gabinete presidencial selecionava novos estagiários. Entre os escolhidos estava Monica Lewinsky, estudante de psicologia de 22 anos, que passou a atuar no escritório do chefe de gabinete.
Em 14 de novembro de 1995, o governo entrou em shutdown por falta de consenso no Congresso. A paralisação durou seis dias e colocou 800 mil funcionários públicos não essenciais em licença até a retomada do orçamento. Parte da equipe da Casa Branca também deixou o trabalho temporariamente.
Para manter as operações mínimas, o governo passou a contar com estagiários, que não recebem salário. Eles assumiram tarefas antes realizadas por servidores e passaram a circular em áreas da Casa Branca onde normalmente tinham acesso mais limitado.
Foi nesse período que Monica Lewinsky teve contato mais frequente com o presidente.
Segundo o relato de Lewinsky, no segundo dia da paralisação, ela e Clinton passaram o dia trocando olhares.
À noite, conversaram, e ela afirmou que sentia atração por ele.
Os dois foram para uma sala privada atrás do Salão Oval, onde ocorreu o primeiro encontro íntimo.
Bill Clinton se envolveu em um escândalo sexual com Monica Lewinsky
AFP
O Congresso chegou a um acordo ainda naquela semana, e os funcionários voltaram ao trabalho. Lewinsky permaneceu como estagiária e continuou próxima do presidente. A relação durou cerca de um ano e meio.
O caso só se tornou público em janeiro de 1998, mais de três anos depois da paralisação. O episódio abriu uma crise política e levou à abertura de um processo de impeachment contra Clinton. Ele foi inocentado das acusações e concluiu o mandato em janeiro de 2001.
Em um primeiro momento, o presidente negou o relacionamento com a estagiária. Mais tarde, admitiu o caso. A ex-primeira-dama Hillary Clinton perdoou o marido.
Em 2014, em entrevista à revista Vanity Fair, Monica Lewinsky afirmou que se arrepende do relacionamento. Segundo ela, o caso foi consensual, mas resultou em abuso posterior por ela ter sido transformada em “bode expiatório” para proteger a posição de poder do presidente.
“Fui a mulher mais humilhada do mundo”, declarou ela em outra entrevista à NBC. “Ser chamada de idiota, vadia, perua, miolo mole e ser mostrada fora do contexto foi angustiante.”
Recentemente, a administração de Donald Trump incluiu o episódio em uma galeria da Casa Branca que relembra eventos marcantes da sede do governo. No site oficial, o caso aparece descrito como um “escândalo” que levou à abertura de investigações.
Monica Lewinsky com o presidente Bill Cliton
Casa Branca
Shutdown atual
O governo dos Estados Unidos está paralisado desde 1º de outubro, porém pode ser reaberto nesta quarta-feira (12) em sessão na Câmara dos Deputados.
No centro do impasse está a saúde. Os democratas, opositores do presidente Donald Trump, afirmavam que só aprovarão as contas do governo americano para 2026 se o projeto se programas de assistência médica forem prolongados.
Na segunda-feira, os senadores aprovaram um pacote que financia o governo até o final de janeiro, e em troca os democratas conseguiram algumas concessões, como o retorno de trabalhadores federais demitidos por conta do shutdown e uma promessa o líder dos republicanos no Senado, John Thune, de colocar para votação a extensão de financiamento de programas de saúde.
Trump tem colocado a culpa da paralisação nos democratas. Nas redes, contas do governo afirmam que a oposição escolheu o "caos" e está prejudicando o país.
Enquanto isso, vários serviços estão parados. O governo demitiu funcionários públicos e congelou o pagamento de benefícios. Servidores federais de áreas essenciais continuam trabalhando sem receber.
Mais recentemente, o Departamento de Transportes determinou o cancelamento de centenas de voos por falta de controladores e de funcionários de segurança do setor aéreo.
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