Israel recebe restos mortais de três reféns do Hamas neste domingo
02/11/2025
(Foto: Reprodução) Palestinos caminham entre os escombros de prédios destruídos, em meio a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em Gaza.
Reuters
O governo de Israel informou neste domingo (2) que suas forças de segurança na Faixa de Gaza receberam os restos mortais de mais três reféns, entregues pelo grupo terrorista Hamas como parte de um acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos. As vítimas foram identificadas nesta segunda-feira (3).
“O Estado de Israel recebeu, por meio da Cruz Vermelha, os caixões de três reféns mortos que foram entregues às forças das FDI (Forças de Defesa de Israel) e do Shin Bet dentro da Faixa de Gaza”, disse um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.
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A ação ocorre em meio a uma troca de acusações entre o grupo terrorista e Israel sobre supostas violações de uma trégua frágil — que interrompeu, em grande parte, dois anos de conflito.
Israel tenta recuperar os corpos de 11 reféns que estavam em Gaza e acusa o Hamas de demora na entrega. O grupo terrorista, por outro lado, afirma estar se empenhando ao máximo para localizar os restos mortais, que estariam dispersos em áreas de difícil acesso.
Identificação
Autoridades israelenses identificaram os restos mortais entregues pelo Hamas como pertencentes a três reféns feitos pelo grupo em outubro de 2023, informou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nesta segunda-feira (3).
"Após a conclusão do processo de identificação, representantes das Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram às famílias dos reféns mortos em combate que seus entes queridos foram repatriados para Israel e identificados", diz o comunicado.
Os restos mortais são do capitão americano-israelense Omer Neutra, de 21 anos na época do sequestro, do cabo Oz Daniel, de 19 anos, e do coronel Assaf Hamami, de 40 anos, o oficial de mais alta patente morto pelo Hamas.
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Atraso do cessar-fogo
A questão é apenas uma das disputas que têm atrasado a implementação total do cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, em vigor desde 10 de outubro.
Mais cedo neste domingo, um ataque aéreo israelense matou um homem no norte da Faixa de Gaza. Segundo o Exército de Israel, suas aeronaves atingiram um militante que representava ameaça às tropas. O Hospital Al-Ahli confirmou a morte de um homem no bombardeio, que ocorreu nas proximidades de um mercado de vegetais no bairro de Shejaia, na Cidade de Gaza.
“Ainda há focos do Hamas nas áreas sob nosso controle em Gaza, e estamos eliminando-os sistematicamente”, afirmou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em declaração transmitida no início de uma reunião de gabinete em Jerusalém.
O Hamas divulgou o que classificou como uma lista de violações do cessar-fogo cometidas por Israel. Ismail Al-Thawabta, diretor do gabinete de mídia do governo de Gaza, controlado pelo grupo, negou que seus combatentes tenham desrespeitado a trégua ao atacar soldados israelenses.
Violência não cessou completamente
O cessar-fogo acalmou a maior parte dos combates, permitindo que centenas de milhares de palestinos retornassem às ruínas de suas casas em Gaza. Israel retirou tropas de posições em cidades e mais ajuda humanitária foi autorizada a entrar.
O Hamas libertou todos os 20 reféns vivos que mantinha em Gaza em troca de quase 2 mil prisioneiros e detidos palestinos mantidos por Israel.
O grupo também concordou em entregar os restos mortais de 28 reféns mortos em troca dos corpos de 360 combatentes palestinos mortos na guerra. Até agora, entregou 17 deles.
Enquanto isso, a violência ainda não cessou completamente. Autoridades de saúde palestinas afirmam que forças israelenses mataram 236 pessoas em ataques a Gaza desde o início da trégua.
Quase metade das mortes ocorreu em um único dia da semana passada, quando Israel retaliou um ataque contra suas tropas. Israel afirma que três de seus soldados foram mortos e que tem atacado dezenas de combatentes.
O cessar-fogo foi mediado pelos Estados Unidos, e ambos os lados apelaram a Washington para conter as violações.
O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Dan Caine, reuniu-se no sábado com o comandante das forças armadas israelenses, Eyal Zamir, durante uma visita à região para discutir a situação em Gaza, segundo informou o Exército israelense.
Netanyahu disse que qualquer ação israelense em Gaza é comunicada a Washington. O Hamas, por outro lado, afirmou que os Estados Unidos não estão fazendo o suficiente para garantir que Israel cumpra o acordo de cessar-fogo.
Cerca de 200 soldados norte-americanos estabeleceram uma base no sul de Israel para monitorar o cessar-fogo e ajudar nos planos de criação de uma força internacional que estabilize o enclave, como previsto nas fases seguintes do plano do presidente dos EUA, Donald Trump, para encerrar a guerra.
Até o momento, há poucos sinais de avanço nas próximas etapas, e ainda existem grandes obstáculos pela frente — incluindo o desarmamento do Hamas e um cronograma para a retirada israelense de Gaza.
* Com informações das agências Reuters e France-Presse.