Por que Trump não ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2025? O que especialistas disseram
10/10/2025
(Foto: Reprodução) Comitê do Nobel do Paz comenta 'campanha de Trump' pelo prêmio
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2025, apesar de ter feito uma campanha intensa para que isso acontecesse. A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foi a vencedora do prêmio, anunciado nesta sexta-feira (10) em Oslo, na Noruega.
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Isso não significa, no entanto, que Trump nunca vencerá o prêmio. Inclusive, ele já foi formalmente indicado ao Nobel da Paz de 2026 por países como Israel, Camboja e Paquistão.
Em setembro, durante uma reunião com a cúpula militar dos EUA, Trump disse que seria um insulto para o país se ele não ganhasse o prêmio.
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No mesmo mês, ele também mencionou o Nobel da Paz em discurso na Assembleia Geral da ONU, declarando ter encerrado sete guerras — afirmação que é contestada.
"Todos dizem que eu deveria ganhar o Nobel da Paz por cada uma dessas conquistas", afirmou. "O que me importa não é ganhar prêmios, é salvar vidas", disse Trump na ONU.
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Comitê reage: 'Laureados são repletos de coragem e integridade'
Durante a coletiva de imprensa que anunciou a escolha de María Corina Machado, um porta-voz do Comitê Norueguês do Nobel foi questionado sobre as declarações de Trump.
Sem citar nomes, o representante afirmou que a decisão do grupo não leva em conta campanhas públicas nem pressões políticas, e que a escolha é guiada exclusivamente pelos princípios do testamento de Alfred Nobel.
“Em toda a longa história do Prêmio Nobel da Paz, este comitê já viu todos os tipos de campanhas e atenções midiáticas. Recebemos milhares de cartas todos os anos de pessoas dizendo quem, para elas, merece o prêmio”, afirmou.
“Mas nossas decisões se baseiam apenas no trabalho e na vontade de Alfred Nobel. A sala onde nos reunimos é cercada pelos retratos de todos os laureados — e é uma sala repleta de coragem e integridade.”
Atualmente, o comitê é composto por cinco membros, que trabalham em uma sala trancada em Oslo para evitar influências externas. O vice-presidente do grupo, Asle Toje, já havia afirmado em entrevistas anteriores que “campanhas de influência costumam ter efeito negativo” nas deliberações.
“Alguns candidatos pressionam muito, e não gostamos disso”, declarou Toje, sem citar Trump.
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'Não é o perfil de um presidente pacífico'
O testamento de Alfred Nobel estabelece que o prêmio deve ser concedido à pessoa “que mais, ou melhor, fez para promover a amizade entre as nações”.
Como funciona a indicação ao Nobel da Paz:
244 pessoas e 94 organizações foram indicadas em 2025, totalizando 338 nomeações — o maior número desde 2016;
A lista completa dos indicados é sigilosa e só será divulgada daqui a 50 anos;
O vencedor recebe uma medalha, um diploma e um prêmio equivalente a R$ 6,3 milhões.
Especialistas já afirmavam que Trump não se encaixava no perfil tradicional dos laureados com o Nobel da Paz.
“Ele retirou os EUA da Organização Mundial da Saúde e do Acordo de Paris sobre o clima e iniciou uma guerra comercial contra antigos aliados”, disse Nina Graeger, diretora do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo, à Reuters.
“Não é exatamente isso que esperamos quando pensamos em um presidente pacífico ou em alguém realmente interessado em promover a paz.”
Por outro lado, Graeger afirmou que Trump pode se tornar um candidato mais forte para 2026 se conseguir intermediar um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza e encerrar a guerra na Ucrânia.
Campanha pode atrapalhar
Trump tem feito uma campanha aberta para ser indicado ao Nobel da Paz. Em julho, por exemplo, o presidente compartilhou nas redes sociais artigos de opinião defendendo que ele mereceria a honraria.
Essa estratégia, no entanto, pode ter o efeito oposto. O Comitê reforçou que a escolha de María Corina Machado — uma opositora política que vive sob ameaça em seu país — reflete justamente o tipo de “coragem e integridade” que a láurea busca destacar.
“O comitê se guia pela coragem, pela integridade e pelo compromisso com a paz e os direitos humanos”, afirmou o porta-voz ao encerrar a coletiva.
Donald Trump em evento na Casa Branca
Evelyn Hockstein/Reuters
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